quarta-feira, 17 de novembro de 2010

BRECHT ATENÇÃO!

A SAGA DE JOANA - REDENTORA DOS POBRES, DA IGNORÂNCIA AO RECONHECIMENTO
Inspirado na peça Santa Joana dos Matadouros de Bertold Brecht. A revelação de um sistema econômico e suas contradições. As descidas de Joana às profundezas num processo de reconhecimento da "pobreza dos pobres e da maldade dos pobres". Nesta nova fábula o confronto do texto original com os espaços nos quais a encenação transcorrerá uma fábrica de Aveia abandonada no bairro do Brás. A tentativa é de produzir um salto poético dissociando o que viria a representar objetivamente e o que se poderá atribuir em termos de contaminações e ressignificação. O exercício é resultado de uma pesquisa prática dos aprendizes da SP ESCOLA DE TEATRO sobre o teatro épico e dialético. A proposição pedagógica é de experimentação do processo de trabalho em grupo e da utilização de espaços não edificados para fins teatrais em diálogo vivo com a cidade.
"Toda a sujeira do mundo
Você fez questão de entender
Escorre por esse buraco
E refaz um pedaço pequeno do Brás"




Ficha técnica:
Cenografia e figurino: Luiz Pires e Marco Aurélio de Toledo
Direção: Felipe de Menezes, Leonardo França e Naloana Lima
Dramaturgia: Angela Belei, Bruno Feldman e Dias Filho
Elenco: Fernanda Lopes, Renato Macedo, Samara Chedid, Sergio Ponti, Tom Paranhos e Vinicius Guarilha
Iluminação: Lira Alli e Otávio Dias
Sonoplastia: Alex Fradico (Stanley) e Eliani Hipólito
Técnicos de Palco: Carlos Alencar e Luís Gustavo Garcia

Serviço: Fábrica FERLA - Rua do Gasômetro (Embaixo do elevado no Largo da Concórdia). Estação Brás do Metrô. Quinta-feira (18/11) em dois horários: às 10hs e às 17h30
Comparecer ao local com trinta minutos de antecedência Grátis http://www.brechtatencao.blogspot.com/

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Agora parece que as coisas estão começando a tomar forma. É a reta final!

Um gesto que surge, um acorde, um olhar, um objeto. É gostoso ver as idéias e imagens surgindo a partir da colaboração e da experimentação mútua, da troca. Ou das discordâncias! Discordâncias quase apaixonadas, que revelam envolvimento e que são bem-vindas. Acredito muito, para qualquer processo de experimentação numa frase do escritor irlandês George Bernard Shaw, que é mais ou menos assim: "Se você tem uma maça e eu tenho uma maçã, e nós resolvemos trocar as maçãs, cada um continuará tendo uma maçã. Mas se você tem uma ideia e eu tenho uma ideia, e nós resolvemos trocar as ideias, cada um terá, ao final, duas idéias. Eu acredito que é assim que esse processo está tomando forma. No nosso prólogo há um pouquinho da idéia de cada um de nós. As vezes sinto um pouco de dificuldade em alguns de nós (e eu me incluo nisso), de desapegar de algumas das idéias, mas creio que é porque realmente acreditamos nelas. E acho isso saudável, afinal defender os pontos de vista em que acreditamos e argumentar em favor deles é parte também de um processo de formação proposto nesse experimento. Outra frase que vem me inquietando muito e me estimulando a experimentar, foi uma dita pelo Martin Eikemeier, formador do curso de sonoplastia em algumas de suas aulas: "Se não fosse assim, como seria?" Isso nos estimula a buscar caminhos novos, sair do óbvio e da primeira idéia que vem à cabeça. E isso não é nada fácil!
A presença do Ivan Delmanto nos ensaios também foi bem provocadora e indicou alguns nortes que ainda estavam um pouco turbulentos.
Agora é hora acreditar no nosso potencial, e lembrar que o mais importante é experimentar, e que o resultado final é apenas uma consequência desse processo!

sábado, 6 de novembro de 2010

PONTOS DE VISTA
















Fotos: Angela Belei
De cima pra baixo: Eliani Hipolito, Samara Chedid e Sergio Ponti, Lira Alli, Naloana Lima, Otavio Augusto, Bruno Feldman e Cristiane Zuan, Dias Filho e Claudia Vasconcelos.



sábado, 30 de outubro de 2010

Não há vagas!

O preço do feijão
não cabe no poema. O preço
do arroz
não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão
O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário
que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras
- porque o poema, senhores,
está fechado:
"não há vagas"
Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço
O poema, senhores,
não fede
nem cheira

(Ferreira Gullar)



domingo, 17 de outubro de 2010

'Um protocolo' ou 'Do sentimento de grupo'

Um lugar de passagem. Compartilhando do mesmo chão, ao mesmo tempo, camadas múltiplas de desejos, vivencias, culturas, expectativas. Estrangeiros no próprio país. Entre mocinhos e vampiros, aquele quer mudar o mundo, este quer mudar a natureza humana, o primeiro deseja um prato de comida para amansar a fome, o segundo engajado e ansioso pelo momento do MIME SHOW, outros desejosos de um interlocutor passivo. VOZES DISSONANTES. Quem será capaz de criar vínculos com um espaço que é de todos e de ninguém? Quem será capaz de se comprometer e chamar este lugar de CASA?

Uma ausência diagnosticada: sentimento de grupo. A necessidade de cooperação dá lugar à carapaça de segurança que impede os indivíduos de darem um primeiro passo na direção do encontro.

Mas qual o tempo de maturação necessário para que as relações possam abarcar a capacidade de respeitar e o desejo da cooperação e de viver uma experiência de grupo? Talvez desde o início a postura a ser perseguida seja a de manter os OLHOS RECÉM NASCIDOS, livres de julgamentos primários e de aproximações forçadas - Abrir os olhos e os ouvidos, calar. A habilidade de conviver com a diferença entendida não sob a perspectiva do discurso do politicamente correto, mas como um canal para a possibilidade real de troca.

O espaço inclusivo é generoso com seus passantes, mas pode tornar-se MAIS PESADO QUE O AR no momento em que se chocam interesses individuais e coletivos. Interesses coletivos? Ingênuo falar nisso, nesses termos... Mas forem escolhidos os alvos errados para atacar, então AMANHÃ SERÁ TARDE...

- Às vezes é assim no Brás, às vezes é assim no teatro.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Pólvora

Texto fragmento da peça “COMA” de Dias Filho.

Situação: um chefe de família, desempregado, é chamado para uma seleção de trabalho. Chegando ao local, após tensa espera, pede um rascunho à selecionadora e esta lhe cede uma ficha curricular não mais usual.




Bom dia, amor.

Pode pegar minha gravata?

A camisa está boa?

Então já vou.

Um beijo a você também.



A Luz que povoa todos

fica às costas do cotidiano.

Ela parece saber que todos precisamos Dela,

Embora não saibamos.

Mas Ela parece desconhecer que atrás de nós

Ela nos anula a identidade.



Bom dia.

Vim para a entrevista.

Aguardo ali?




A aparição do silêncio é tal

Que toda sala parece ser sapatos, gravatas, calças, tênis, cadeiras

e um som constante de caneta tamborilando a carteira.

Ele olha para um lado

Olha para o outro

Nenhum movimento deve transparecer fraquezas.

Deve ser um teste,

Talvez...


Com licença,

a senhora se importa, por acaso, de me conceder um rascunho?

Obrigado.



Há muito mais espaço no fim dos currículos.



Anotações que achar indispensáveis:

Escrevo a você ao lado,

Já que se eu falar,

Não vai querer me ouvir.

Pensei em compartilhar na roda da apresentação geral

Mas não teria o perdão da selecionadora.

Então aproveitarei todo espaço possível

Para gemer alguma coisa de que temo

Mas desconheço.



Experiências anteriores:

Quando retornei a correspondência de chamada para esse emprego

Preocupei-me.

Sempre a mesma coisa:

Estourar a bexiga de sonhos dos outros

E defender a qualquer custo a minha;

Dar as costas a um amigo com mais dificuldades que eu

Quando perguntarem: daria a oportunidade a ele?

respondendo: não! Esta é minha chance de ser útil à empresa;

E falar o mínimo possível.




Cursos e escolaridade:

Sinto que continuo não alcançando os recados da geladeira de minha mãe

A vida nos prova a todo tempo.

Não sei quem é vc...

Aliás, soube há pouco o que quer dizer vc...

aushaushsuahsuahsua

com isso pareço ainda menor.

kkkkkkkkkk

Não demora

rsrsrs

e “eu” não passarei de um ponto final
.



Habilidades:

Vamos tomar um café?

Claro, não nos veremos mais e por isso que ...

Não, não sou gay...

Sabe, percebi lendo

“O guia do sucesso financeiro”

que parei de ler

“Como ser feliz”

E nunca mais folheei

“Como fazer amigos”.

Achei que o café seria boa estratégia.


Idade:
Não demorarei,
prometo.

Estado civil:
Ninguém precisa saber

Nome:
Espero resposta


Objetivo:














Sim senhora.
Sou eu sim.
Já vou.

Pólvora/provocação

Sobre a "a sopa rala":

* A epidemia da insuficiência:
*saudeofobia/saudeomania;
*o desfrutar das efemeridades: o anestésico dos "sem vida" (tudo como algodão doce).


Sobre "a carne".

*O mito Spears (Britney e o whispers - sussurro)
*o esteriótipo que assume a forma mítica;
*para ser livre, seja igual;


Sobre "o matadouro".

O mundo dos homens aspas:
Que mundo pode ser construído com palavras que não mais são interpretadas em seu significado original?
Como se relacionariam as pessoas?; qual é a postura dos poderes públicos e privados entre si e a população?; como interagem mercado e consumidor?
O silêncio das reclamações sem rumos.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Reuniões com proprietários/representantes dos espaços.

Boa tarde, a todos.

Como é de ciência geral, captamos contatos no dia 01/10. Começamos - minha esposa e eu- a ligar na semana seguinte e, devido ao grande número de compromissos dos responsáveis naquela, a maioria deles preferiu fazer reuniões depois das comemorações do feriado.

Participei de uma reunião hoje (13/10) às 09:0hrs, na av. Angélica, com a representante imobiliária Kátia, do casarão ao lado da SP-Escola. Ela adiantou-me a impossibilidade do projeto, pois o local está fechado sob ordem judicial e não há data prevista para abertura às novas negocições.

Reuní-me, às 11:00hrs de hoje (13/10), com srº Valmir, administrador das antigas instalações da empresa de ônibus C.M.T.C no Brás, e que servem, atualmente, ao mesmo uso para um poder privado de cooperativa. Seu veredicto é de impossibilidade total, visto que a empresa funciona 24hrs diárias e todo o espaço do imóvel é ocupado.

Não consigo contato com os responsáveis sobre o espaço da Eletropaulo na av Rangel Pestana.

Sexta feira última (08/10) reuní-me com o srº Félix, engenheiro das futuras instalações de um shopping center e antiga fábrica têxtil Matarazzo. Por não haver nenhuma forma de comunicação à distância, pois há no local um improvisado escritório e o mesmo prefere não ceder o nº do celular, fui pessoalmente, e ele disse ter dificuldades atuais em falar com o proprietário que não é brasileiro e transita muito entre seu país natal e o Brasil. Até o presente momento não manifestou-se em nenhum dos fones que deixei com ele.

Minha esposa fez contato telefônico com as empresas CCL-Paulista de Laticínios e, a srª Maria Garcia, adiantou ser difícil que a fábrica cedesse o espaço. Deu-lhe, no entanto, o telefone da área comercial e, o srº Fábio, não tem sido encontrado desde então.

Quero agradecer, de antemão, minha esposa, pela ajuda que tem nos dado.

Vejo-os na Sp-Escola amanhã, forte abraço,
Dias Filho.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Visitas de 01/10
















Olá a todos.










Na última sexta feira (01/10), Fernanda, Renato, Eliane, Léo, Luiz e eu, fomos averiguar quais eram os possíveis locais para realização do nosso experimento. Para reforçar as indicações dos iluminadores e de outra visita que Angela e eu fizemos.
Foram visitados ao todo 7 edificações; faltando ainda nossa averiguação em outras duas para coleta de contatos.

A maior parte das fotos estão com o Léo(dir).

Os locais são:
1. casarão abandonado ao lado da SP;
2. Eletropaulo;
3. garagem de ônibus da Coop. Cruz (antiga gar/ da CMTC);
4. estacionamento ao lado da garagem;
5. antiga fábrica têxtil da org. Matarazzo (hj funcionando apenas a adm e o jurídico);
6. antiga fábrica e agora reformada para acomodar um shopping;
7. fábrica de leite Paulista

(a visitar)
7. sobre-lojas de um edifício no final da quadra da SP sentido bairro;
8. casarão abandonado em cima do churrasco grego na Rangel.

Consegui entrar no prédio do nº2 e tirar fotos (não divulguem pois, a pedido dos funcionários, não podia e o fiz escondido).

Não consegui falar com ninguém apontado nos fones fornecidos.
Minha esposa tentará novamente amanhã (05/10). Caso alguém mais deseje somar-se na busca dos responsáveis pelos lugares, por favor, procure-me para que eu compartilhe.

Seguem fotos da CMTC (, parte externa) e da Eletropaulo (salas). Na segunda são três andares coms cômodos que variam em tamanho, entradas e disposição. Outras irão na próxima postagem.

Forte abraço a todos,

Dias Filho.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

E um degrau musical

Achei essa tembém, que é um escrito do Fábio Cintra, sobre musicalidade do ator. Pode ser legal. E na mesma edição, a 7a, tem mais umas 2 matérias sobre voz, uma delas da Isabel Setti.

http://www.eca.usp.br/salapreta/PDF07/SP07_06.pdf

Mais um degrau

Procurando coisas na internet, achei duas matérias bem legais, publicadas na 6a edição da Revista Sala Preta, que tem um capítulo destinado ao estudo do épico. Vou postar os links


http://www.eca.usp.br/salapreta/PDF06/SP06_021.pdf

http://www.eca.usp.br/salapreta/PDF06/SP06_019.pdf

E o link para acessar todas as edições é esse aqui:

http://www.eca.usp.br/salapreta/

Divirtam-se

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Da descida dos outros...

Duas montagens realizadas por companhias importantes a partir do texto Santa Joana dos Matadouros de Brecht. A primeira da brasileira Cia do Latão dirigida por Sergio de Carvalho e a segunda da Teatre Iliure dirigida por Alex Rigola.

A Santa Joana dos Matadouros (Sergio de Carvalho)



Santa Joana dels Escorxadors (Àlex Rigola):

domingo, 12 de setembro de 2010

Primeira Descida...


A proposta deste blog é de constituir um documento vivo durante o processo criativo do experimento realizado a partir do texto Santa Joana dos Matadouros, de Brecht, pelos aprendizes da SP Escola de Teatro durante o segundo semestre de 2010.

Depoimentos em fotos, textos e videos com as impressões dos participantes do projeto em reflexão sobre a obra de Brecht, o teatro épico, o fazer artistico em grupo e seus desdobramentos. O experimento entendido como um pretexto para encontro, diálogo e pesquisa de temas e linguagens.

Foto: Angela Belei